Sem entrar em campo desde a eliminação do estadual, o Sergipe vive um momento conturbado. Recentemente, diretores do clube e o vice-presidente renunciaram aos cargos. Como se não bastasse, jogadores divulgaram ao ge uma carta aberta em conjunto na qual relatam atrasos salariais.
Segundo o texto, 16 jogadores treinam afastados sem definição de futuro ou rescisão contratual. Além disso, estão com dois meses de salários atrasados e, os que estão alojados no João Hora de Oliveira, sede do clube, estão sendo pressionados a deixar as instalações.
Procurado pelo ge, o clube confirmou que 16 atletas estão afastados, mas negou que haja pressão para saída do alojamento e todos podem permanecer até o final das negociações. Sobre os atrasos salariais, o clube disse que houve uma burocracia na troca de diretor financeiro, os casos de cada atleta estão sendo regularizados e que alguns até já deixaram o estado.
Pouco depois, o Sergipe divulgou uma nota oficial repudiando as alegações e que a informação não condiz com a realidade. A nota também afirmou que alguns atletas já deixaram as instalações do João Hora por já terem feito os seus acordos. Veja ao final do texto na íntegra.
Eliminado do Campeonato Sergipano, a equipe alvirrubra passou a ser comandada pelo técnico Dico Woolley e passa por uma reformulação no elenco para a disputa da Série D do Campeonato Brasileiro.
Leia a carta aberta na íntegra:
“Nós, atletas do Sergipe, decidimos nos manifestar para esclarecer a situação difícil que estamos enfrentando. Sabemos que o futebol é um esporte que vive de resultados e, infelizmente, os objetivos que traçamos para o primeiro semestre não foram alcançados. Isso nos dói profundamente, pois somos profissionais comprometidos e sempre nos entregamos ao máximo dentro de campo. Contudo, é preciso dizer que nem tudo depende apenas de nós. Muitas vezes, problemas extracampo também afetam o desempenho e a saúde do grupo.
Queremos assumir a nossa parte da responsabilidade, mas é importante que vocês entendam o que está acontecendo nos bastidores. Nós fomos afastados do elenco e, desde então, estamos treinando separados. Não somos apenas alguns jogadores – somos 16 profissionais que, até pouco tempo atrás, estavam defendendo o clube no Campeonato Estadual, na Copa do Brasil e na Copa do Nordeste.
Desde que fomos afastados, estamos tentando encontrar uma solução para seguir com as nossas vidas e carreiras. No entanto, até agora, não conseguimos nenhum acordo. Ninguém nos procura de forma transparente, e quando nos chamam, muitas vezes é apenas para ganhar tempo, para nos iludir ou nos passar informações confusas e contraditórias.
Recentemente, até o presidente do conselho veio a nós desmentir o que haviam dito antes, explicando que o conselho não tem relação com os salários atrasados. E isso é algo grave. Já estamos há quase dois meses sem receber, e o que mais nos preocupa é que nem sequer parte dos nossos salários foi paga para o grupo afastado. Enquanto alguns atletas receberam parcialmente, nós, os 16 afastados, seguimos sem qualquer pagamento, sem perspectiva, sem resposta.
A situação se tornou ainda mais complicada, porque muitos de nós que estamos alojados no clube agora estamos sendo pressionados a deixar o alojamento. E o que fazer? Estamos longe de casa, sem dinheiro, sem rumo e sem previsão de pagamento. Isso não é só uma questão profissional – isso afeta a dignidade e a vida de homens que deixaram suas famílias para se dedicarem ao futebol.
Lutamos diariamente por um sonho, mas temos responsabilidades e famílias que dependem de nós. Abrimos mão de momentos preciosos com quem amamos para estarmos aqui, lutando por esse escudo, defendendo o clube. Passamos Natal, Ano Novo e aniversários longe dos nossos lares. Tudo em nome dessa profissão que tanto amamos, mas que também exige sacrifícios.
Hoje, o que pedimos é apenas o justo: receber o que é nosso de direito. Não queremos tirar nada além do que nos cabe. Queremos nossos salários, o básico para seguirmos com dignidade. Somos trabalhadores, homens, pais de família que estão apenas pedindo respeito e empatia. Não queremos gerar polêmica, nem prejudicar o clube, mas o silêncio e a falta de transparência tornaram essa situação insustentável.
Por isso, deixamos aqui nosso apelo. Não é fácil expor essa realidade, mas queremos que vocês, torcedores, saibam o que está acontecendo de verdade. Queremos voltar a seguir nossas vidas com dignidade e profissionalismo. E seguimos firmes, com fé de que dias melhores virão.
Obrigado a todos que tiraram um momento para nos ouvir. Contamos com a compreensão e a empatia de vocês.”
Leia nota do Sergipe na íntegra:
“O Club Sportivo Sergipe vem a público repudiar as alegações de que o clube proibiu atletas dispensados de permanecer no alojamento. Essa informação é falsa e não condiz com a realidade, tanto que os atletas permanecem no João Hora.
Esclarecemos que todos os departamentos do clube estão comprometidos em documentar e discriminar todos os valores pagos nas transações trabalhistas, reafirmando nossa transparência e responsabilidade.
Importante ressaltar que alguns atletas já deixaram as instalações do João Hora por já terem feito os seus acordos.
Atenciosamente,
Club Sportivo Sergipe”
*Com informações do GE SE